O PLANTADOR DE ABACAXIS

José Antonio, após certo tempo sem trabalhar, resolveu fazer uma plantação de abacaxis em sua propriedade agrícola. Nunca tinha lidado com esse ramo, mas, influenciado por outros fruteiros, resolveu experimentar.

Depois de arar, adubar e plantar uma certa quantidade de mudas em suas terras ficou aguardando o crescimento e posteriormente a colheita dos frutos. A qualidade era boa.

Chegado o momento da venda, não apareciam compradores, isto é, apareceram, mas os preços não pagavam nem as mudas, quanto mais o trabalho de adubar, controlar as pragas, limpar o terreno e outros serviços. O fruticultor estava ficando nervoso, desesperado,tinha dívida de financiamento no Banco do Brasil. O Governo dizia que ajudava os produtores, mas José Antonio vendo os abacaxis ficarem maduros e não encontrava bons compradores.

A mulher de José Antonio sugeriu.

—- Zé Antonio, faça você mesmo a colher e vendê-los na cidade. Não fica aí parado, nervoso, chega, que isso não resolve o problema.

—-Mas eu nunca vendi nada assim, nem sei como vendei um.
—-Por Quanto você venderia, o abacaxi zal, dívida pelos frutos e estará resolvido a situação: — –Boa ideia, senhora, boa ideia, muito bom mesmo, vou fazer isso.
A situação obrigava qualquer sacrificio para não ficar parado a ter um prejuízo maior.

Colheu uma quantidade ajudado por seu filho de dez anos, ajeitou os frutos no velho chevrolet e no outro dia, já de manhazinha chegou no mercado da cidade, uns vinte quilómetros distante do sítio, mas ficou surpreso, havia mais negociantes, fora as quitandas e barracas.

Nessa altura José Antonio quase se desespera, mas, conversou com seus colegas, indagou os preços deles e depois rumou para outro local da cidade e gritando foi oferecendo três por quinhentos, um por duzentos cruzeiros.

O primeiro dia devido a inexperiência não foi lá muito bom, contudo, no fim da safra conseguiu vender, mas desabafou com a esposa.

——–Rosinha, abacaxi, nunca mais.